Pierre Weil renomado psicólogo francês, que morou no Brasil por mais de cinqüenta anos, enaltece o nosso povo pela gentileza e o carinho do abraço aqui institucionalizado:
"Moro no Brasil há mais de cinqüenta anos e uma das causas que me retiveram foi o abraço brasileiro. Só no Brasil que existe um gesto habitual tão carinhoso. Eu costumo dizer que entre as possíveis exportações brasileiras figura o abraço. O Brasil tem muitos abraços para exportar.
Há uma variedade de abraços. O abraço mais freqüente é o abraço caloroso, que se dá depois de uma longa ausência, uma forma de expressar e matar a saudade. Amigos que se encontram por acaso podem também expressar a sua surpresa.
Num outro extremo se situe o abraço superficial; consiste em dar umas tapinhas nas costas, acompanhado numa exclamação morna: "Você está bom?". Este abraço apareceu mais recentemente, à medida que os costumes se globalizam e que o Brasil perde as suas característica culturais próprias. Há também o medo de ser considerado como homossexual, o qual surgiu com o aparecimento dos estudos sobre a sexualidade. Muitos são os homens que ao se despedirem, nem abraço mais se dão; apenas declaram com uma voz um tanto formal: "Tchau! Um abraço! Até a próxima!".
Interessante é observar os abraços entre homens e mulheres. Há em primeiro lugar o abraço afetuoso e amigo, dos que se conhecem há muito tempo; o seu espírito é muito diferente do abraço dos que constituem um par, amantes ou casados. Nos que não são nem amigos íntimos nem amantes, existe um abraço intermediário que eu chamaria de abraço cauteloso, pois ele consiste em mostrar afeto mas sem que o outro possa suspeitar alguma segunda intenção sensual.
Se todo mundo se abraçasse, as guerras e a violência seriam impossíveis! Precisamos exportar o abraço brasileiro, antes que ele morra!
Pierre Weil
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